Campi Flegrei. No sentido literal, uma terra em chamas. Ali perto, Nápoles (a cidade) é mais ponto de passagem para a costa e as ilhas do que destino final de tantos e tantos visitantes.
Foi o da viagem número dois. Uma cidade que é berço da pizza e pouco mais. Uma cidade que recebe e mastiga os turistas porque, afinal, também o faz com os locais. A eles, endurece-lhes a pele. Se lhes descobrem umas ruínas romanas nas bases das casas, não aceitam desertar.
A nós, quase nos repele – irremediavelmente, se decidirmos acordar noutro poiso na manhã seguinte. A Nápoles da pizza original (a da Sorbillo), dos cafés expresso tirados a ferver, dos Maradonas homenageados em cada esquina e dos presépios pintados à mão em centenas e centenas de peças.
A Nápoles dos pizzaiolos, das obras que parecem durar há anos, dos napolitanos franzinos mas enamorados.
A Nápoles da Spritz e dos homens que cantam a todo o momento, como se a vida napolitana custasse menos a viver por ser cantada.
A Nápoles dos altares, dos metros impossíveis de tomar e dos pedintes que se estendem pelas ruas, como há décadas já não se vê por cá.
A Nápoles do Vesúvio magistral, em constante pano de fundo. A Nápoles dos 414 degraus, de Sant’Elmo ao Bairro Espanhol. Essa Nápoles dos corajosos que correram, eles mesmos, com os nazis.
A Nápoles do manjericão plantado às portas de casa. A Nápoles dos limoncellos tragados em fins de tarde, em fins de praças cheias de gentes que não compreendem Nápoles.
A Nápoles dos vendedores de parmigiano, que encantam entre um tesoro e outro amore.
A Nápoles das saudades de quem tudo quer levar para partilhar em casa e a das saudades que deixa.
Napoli, you motherfucner*, és um osso duro de roer. Ma ti voglio bene.
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