Persuasão e empatia: o que o UX design pode aprender com o storytelling

Inspirada pela história do Ronnie del Carmen, escrevi umas linhas sobre como o storytelling pode ser útil a uma abordagem human-centered ao design.

Contar histórias é traduzir mensagens por emoções, como a empatia. Tudo porque há uma reação química no cérebro ao storytelling, a que ninguém é imune.

Estamos programados para pensar em histórias, é a forma como interpretamos a realidade e nos movimentamos nela. Nada como uma estatística para prová-lo: lembramo-nos de um facto 22 vezes mais se ele nos for relatado através de uma história.

Esta e outras ideias estão no Medium: o que é preciso para contar uma boa história e como as equipas de UX Design podem usar esta soft skill para o seu trabalho.

Onward: Pixar junta dois irmãos e um par de calças, porque nem todas as famílias são iguais

Barley e Ian são os protagonistas da nova animação da Pixar

4/5 estrelas

A HISTÓRIA: Dois irmãos elfos fazem um feitiço para trazer o pai de volta à vida, mas só recuperam as pernas e a cintura. Ian e Barley partem numa demanda pela pedra que permite repetir o feitiço, num mundo que se esquece de que a magia existe. Continuar a ler

Henrique Neto, O Estratega

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Escrevi um livro.

Escrevi a história de uma vida em tom político. Escrevi sobre um percurso que vale a pena conhecer.

A pretexto das presidenciais de 2016, Henrique Neto passou a ser conhecido de mais portugueses. Antes disso, sabia-se que era um dos mais fortes críticos de José Sócrates como primeiro-ministro, ele que até é militante do PS. Na indústria portuguesa, não só é conhecido como admirado.

Espero que este livro possa viver para lá das próximas eleições. Porque esta história de vida merece ser conhecida por muitos. Das origens humildes de uma família operária na Marinha Grande à militância comunista. Da ascensão a self-made man à construção de um império industrial português. Da proximidade a António Guterres ao mandato como deputado socialista. Das inúmeras cartas a Guterres, Sócrates, Jorge Sampaio e outros aos silêncios que quase sempre lhes sucediam. Das denúncias dos negócios ruinosos para o Estado à estratégia para o futuro de Portugal.

Perguntei-lhe várias vezes por que continua. O próprio partido não lhe dá ouvidos e trata-o como uma voz incómoda. Quando anunciou a sua candidatura, António Costa comentou a notícia com um mero “É-me indiferente”. Por que continua?

“Se o faz por espírito de missão ou por sentido de Estado, guarda‑o para si. Prefere falar em vaidade. Sim, há uma certa vaidade na visão estratégica que quer que Portugal siga, porque o tempo provou que as suas previsões estão, geralmente, correctas. E também aqui pode dar‑se o caso de ter razão. O mesmo tempo dotou‑o de alguma arrogância, mas não tem a veleidade de se achar acima de toda a verdade. A rectidão é uma das suas maiores conquistas. A frontalidade é uma inevitabilidade que lhe trouxe alguns dissabores.”

 

“Crimson Peak”, o romance gótico de Guillermo del Toro

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Publicado na Look Mag

Tem interpretações de luxo e um guarda-roupa victoriano que deixou deslumbrados os Storytailors, Luís Sanchez e João Branco. O novo filme de Guillermo del Toro passeia-se entre o romance, o terror e o drama psicológico. “Crimson Peal – a Colina Vermelha” chega às salas de cinema a 22 de Outubro.

O enredo não é inédito mas a reinvenção de Guillermo del Toro dá-lhe contornos únicos. Em “Crimson Peak”, o típico triângulo amoroso é protagonizado pela filha de um poderoso industrial americano, a aspirante a escritora Edith Cushing (Mia Wasikowska) e os irmãos Thomas (Tom Hiddleston) e Lucille Sharpe (Jessica Chastain). Ele é um inventor a tentar explorar a única riqueza que lhe resta, as reservas de argila acumuladas sob a sua desterrada casa britânica (fria e assustadora, como convém a qualquer filme de terror); ela é a sua fiel sombra e guardadora de todos os segredos da família.

O filme tem inspiração victoriana e faz lembrar os clássicos de Hollywood entretanto cristalizados. Para Guillermo del Toro, marca o regresso dos romances góticos ao grande ecrã, de onde tinha desaparecido há 30 anos. E chega com tudo o que os espectadores podiam esperar do realizador: grande intensidade dramática, uma qualidade estética única e actores de qualidade reconhecida com desempenhos emocionantes. A coroar a imagem de “Crimson Peak” está o guarda-roupa criado por Kate Hawley, que deixou rendida a dupla de estilistas Storytailors, fãs de Guillermo del Toro desde “O Labirinto do Fauno”.

Para Luís Sanchez e João Branco, este é um filme «esteticamente avassalador e violentíssimo». E o guarda-roupa está à altura. Confessam-se arrebatados pelas criações que vestem as personagens de Mia Wasikowska e Jessica Chastain.

Em entrevista à Look Mag para comentar o filme, explicam que o guarda-roupa não retrata a época da acção (passada na alta sociedade nova-iorquina e na Inglaterra do início do século XX) mas constitui uma reinvenção desse período. «Não são apenas réplicas ou retratos dos vestidos de época, há trabalho criativo» e «liberdade interpretativa» para tratar cada figurino consoante os traços das personagens. Valorizam a herança histórica, que vêem como correcta no filme, mas no seu trabalho preferem pensar no futuro em vez de privilegiar o saudosismo.

A carga dramática do guarda-roupa é acentuada pelos materiais e cores usados por cada personagem. Os Storytailors explicam porque Edith Cushing usa sempre cores claras, como o vestido rosa pálido com que se apresenta numa das principais cenas da primeira parte do filme, por ser a «cor do amor puro», ou o amarelo, uma cor mais alegre. Ao mesmo tempo, Lucille Sharpe traja de pretos e vermelhos acetinados, símbolos da paixão. Para os criadores, estereótipos como estes «têm de ser muito bem trabalhados, senão tornam-se clichés». Quando são usados como em “Crimson Peak”, têm a «capacidade extraordinária de emocionar» os espectadores.

Os estilistas também se sentem emocionados por denotarem no trabalho de Kate Hawley e Guillermo del Toro uma paixão distintiva. Identificam-se também com aquele trabalho por terem criado, há pouco tempo, um vestido de noiva para uma cliente que iria casar num castelo antigo de França, algo semelhante à casa onde se passa o enredo.

Tecnicamente, os elogios dos criadores portugueses continuam. Desde os materiais escolhidos para os vestidos às técnicas utilizadas para a sua construção, como é feito numa das primeiras peças com que Lucille Sharpe se senta ao piano: o trabalho detalhado e a estrutura das costas do vestido e a transparência das mangas são destacados pelos Storytailors.

Os que esperam um filme de terror vão encontrar em vez disso um drama psicológico. Mas há alguns fantasmas e muito sangue. “Crimson Peak” vale pela beleza estética única e cativante, pelas personagens arrebatadoras, pelo desempenho extasiante dos actores e pela combinação narrativa entre o fantástico e a vida real. Mestria de Guillermo del Toro.