
Discutiu-se num ajuntamento do partido CHEGA, este fim-de-semana, uma moção que, entre outras ideias, propunha que se removesse os ovários às mulheres que fizessem abortos.
A moção foi debatida e rejeitada.
Por princípio, uma democracia deve ter abertura para discutir todas as ideias. Está aí a sua liberdade. Está aí um dos seus pilares.
Essa liberdade acaba aqui.
Quando um partido surge na esfera política como um íman de radicalismos do quadrante político onde se posiciona;
Quando um partido tenta agregar extremismos para ganhar votos;
Quando um partido monopoliza a desinformação para alcançar ganhos políticos;
Quando um partido abre o seu espaço a ideologias que não têm lugar na nossa democracia:
esse partido é perigoso e deve ser travado.
A responsabilidade de quem está à frente do CHEGA terá, um dia, de ser plenamente assumida. Porque congregar os fundamentalistas que até agora não se reviam noutra força política ou cívica, tem um impacto muito real na vida de todos.
Por algum motivo, esses fundamentalismos não estavam representados no Parlamento.
Por algum motivo, este partido teve um crescimento mais rápido do que outras forças políticas que nasceram, em muitos anos.
O apetite mediático pelas barbaridades que habitam o universo do CHEGA também tem de assumir a sua responsabilidade, consciente de que está a ser instrumentalizado.
Quem construiu este partido, fê-lo com grande inteligência. A estratégia funciona. Um dia, terá de ser responsabilizado pelo monstro que criou.
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