Babel: Centelha de esperança de Iñárritu transcende fronteiras

Brad Pitt em Babel (2006)

4/5 estrelas

A HISTÓRIA: Uma espingarda é disparada na direção de uma turista americana, por um rapaz marroquino. Babel relata a cadeia de acontecimentos que uniram a espingarda, o rapaz e a turista, a uma escala global que percorre quatro países e que se fala em cinco linguagens.

Amores Perros (2000) e 21 Grams (2003) são os primeiros filmes da trilogia que uniu o realizador Alejandro G. Iñarritu ao argumentista Guillermo Arriaga. E à distância, vemos que a dupla não só repetiu a fórmula em Babel, de 2006, como a apurou. À causalidade das relações humanas, acrescentaram escala e mediatismo. O teste do tempo confirma que estes temas continuam atuais e convidam a ver ou rever o filme.

Para ter escala, Iñarritu e Arriaga amplificaram a ideia de que os acontecimentos são causa e efeito de outros a todo o mundo. Assim, Babel acontece em quatro países, em cenários culturais muito distintos.

Para ter mediatismo, foram buscar estrelas como Brad Pitt e Cate Blanchett, mas desengane-se quem pensa que vai ver um filme protagonizado por eles: o elenco é vasto e cada quadro é tão importante quanto o anterior.

A espingarda que vai parar às mãos de um rapaz marroquino é usada para alvejar uma mulher americana num autocarro turístico. O acidente atrasa o regresso da turista e do seu marido aos Estados Unidos da América, onde os dois filhos pequenos do casal estão ao cuidado de uma ama mexicana. Sem ter onde deixar as crianças, a ama leva-as para o México para assistir ao casamento do seu próprio filho.

As ligações de causalidade são interessantes, sobretudo porque Guillermo Arriaga não desenlaça a história de forma linear. Mas Babel vai além disso. A universalidade da natureza humana traz densidade às personagens.