O Jorge Silva Melo morreu.
Morreu com vontade de ter dançado muito mais na vida, pela vida fora. Contou-o ao Bernardo Mendonça no podcast Beleza das Pequenas Coisas, que só por si já é um nome sugestivo.
Jorge Silva Melo morreu com vontade de ter amado mais. Contou-o, pareceu-me, sem pena na voz. Ou talvez seja a minha interpretação a recusar tamanho arrependimento num septuagenário. Que ninguém merece ver-se no fim da vida e sentir tê-la desperdiçado nos assuntos do coração.
Jorge Silva Melo morreu e, antes de morrer, gostava de ter dado mais vida aos seus sentimentos. Que devia ter passado mais tempo na casa da vizinha, uma vizinha metafórica para dizer que a sua vida foi sempre de trabalho e que devia ter sido, em parte, vida.
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