30 antes dos 30: Tokyo Story

Tokyo Story

Tokyo Story (1953)

Para muitos, é um dos maiores realizadores em todo o mundo. Mas não o vemos nas grandes salas de cinema, na programação televisiva de domingo à tarde, nem nos videoclubes. Yasujirō Ozu não é dos blockbusters, dos efeitos especiais ou dos actores-celebridades, mas criou algumas das mais bonitas peças de cinema. E fê-lo à sua maneira: serena, introspectiva, simples. Num mundo a correr, é preciso dedicar-lhe tempo. E é justamente o tempo um dos elementos mais fortes de Tōkyō Monogatari (Tokyo Story, 1953). Continuar a ler

30 antes dos 30: 2001: A Space Odyssey

2001: A Space Odyssey. Stanley Kubrick (1968)

This is Major Tom to Ground Control
I’m stepping through the door
And I’m floating in a most peculiar way
And the stars look very different today

Roger Ebert disse que 2001: A Space Odyssey lhe provocou arrepios e que nenhum crítico de cinema deveria alguma vez proferir afirmação tão pirosa. A obra prima de Stanley Kubrick prestou-se a inúmeras leituras e, ainda hoje, o seu significado é uma incógnita para os que não deixam de fazer perguntas. Entre as poucas certezas, uma resistiu a estes 51 anos: foi aqui que se fundou a era moderna da ficção científica no cinema. Foi aqui que o espectador passou a sonhar com o que está para lá do visível e com o que é possível nessa grande odisseia das viagens espaciais. Conseguir fazê-lo no ano de 1968 é mais do que suficiente para provocar arrepios. Continuar a ler

“Thank you, Leonard Cohen, for saving my life”

A lista dos 30 antes dos 30 deu-me a conhecer uma mão cheia de filmes incríveis, que, até agora, me tinham passado ao lado. E deixou-me espreitar pelo buraco da fechadura desse mundo imenso que é o do cinema. Pelo caminho, tenho conhecido histórias impressionantes e personagens fantásticas.

Roger Ebert não é das histórias nem foi personagem. Foi um dos críticos de cinema mais profícuos. Há tempos, quando li a sua crítica ao segundo volume de Kill Bill, identifiquei-me totalmente com o que escreveu e surpreendi-me por ser dos poucos críticos que corrigem uma posição anterior.

Agora, a pesquisar sobre 2001: A Space Odyssey, ouvi-o dizer que foi um filme que lhe provocou arrepios na espinha, uma coisa tão pirosa que não devia ser dita por nenhum crítico.

Acabei por ir parar à sua TED Talk de 2011. Através da voz criada pela Apple e da ajuda da sua mulher e dois amigos, o crítico americano conta como perdeu a voz na sequência de um cancro que o obrigou a várias cirurgias. Perdeu a mandíbula e a possibilidade de falar, mas não perdeu o sentido de humor.

E foi graças a uma música – muito longa – de Leonard Cohen que os médicos conseguiram salvá-lo do primeiro imprevisto.